BAIXA NO CRC

Publié par JEF | | Posted On lundi 29 mars 2010 at 19 h 12

Aqui vai um post para deixar registrado a dor de cabeça que tive para resolver uma pendência. Algo que daqui a 10 anos irei ler e dar risadas com essa dificuldade.

Finalmente dei baixa no meu registro do CRC (Conselho Regional de Contabilidade).

Em agosto de 2009, antes de sair de minha sociedade, eu emiti três selos de DECORE (Declaração Comprobatória de ‘Percepção’ de Rendimentos). Esses selos nós Contadores emitimos para comprovar algum rendimento de pessoa física ou jurídica quando são exigidos algum documento que comprove renda para fins de financiamentos, seja de carro, de casa, etc. Esses selos diminuem consideravelmente a possibilidade de falsificação de comprovantes, por isso que as financiadora pedem. Para passar esse selo o profissional, de acordo com os pré-requisitos do Conselho, precisa pegar com o cliente algo que comprove aquela renda (Declaração de Imposto de Renda, Pró-labore, Contra-cheque, Livro Caixa, Livro Razão, etc) e então emitir o selo.

Na sociedade só eu possuía esses selos, porque só eu estava registrado e em dia.

Então quando um cliente precisava de um, eu que tinha que passar os selos.

Antes de agosto, eu havia passado alguns selos, mas não tinha ficado com nenhuma pendência, mas quando encerramos nossa empresa em setembro, três clientes ficaram devendo alguns comprovantes dos selos que eu emiti antecipadamente. Para agilizar para eles cai no erro de emitir os selos sem os documentos comprobatórios em mãos, então já deve imaginar o que ocorreu né?

Não deu outra, cadê os clientes entregar os comprovantes? Fiquei de setembro até agora lutando para conseguir os documentos. Primeiro precisava que me devolvessem a segunda via do selo com assinatura, depois precisei de uma planilha de despesas do cliente que estava demorando para passar, depois no aguardo de um extrato bancário do banco Real (o qual para emitir um extrato antigo é necessário pagar uma taxa de uns 15 Reais, e aguardar algumas semanas), e só foram me passando de um por um. Sobre o extrato bancário, o nosso cliente pediu para a gerente, a qual não atendia, depois estava viajando, depois disse que ia mandar por correio, e depois de muiiiito tempo chegou. Então levei os extratos para o meu ex-sócio que estava com toda a informação do cliente no sistema, só que desta vez foi a vez dele de procrastinar. Ele ficou de janeiro até sexta passada sem entrar em contato e quando eu o procurava ele sempre dizia que estava quase tudo pronto, ledo engano. Só que com a demora, e minha ansiedade comendo meu estomago, decidi ir ao CRC. Sempre informei a minha situação de pré-imigração, mas as pessoas só se comovem se alguém estiver morrendo, rsrs.

Fui ao CRC para tentar negociar e o que poderia ser feito, porque já tinha se passado três meses de minha anuidade e não estava mais querendo pagar outra mensalidade. Por cima o fiscal ainda disse que não podia dar baixa com aquelas pendências, e se passasse de quarta-feira (dia 31 de março) eu iria ter que pagar a ANUIDADE COMPLETA, mesmo dando baixa. Perguntei o que deveria fazer, pois estava na dependência do meu ex-sócio. Ele disse que numa situação daquela a única solução era fazer uma carta ao CRC dizendo que o profissional (que também tem registro no CRC) estava retendo documentos, o que se enquadrava numa denuncia. Gelei! Não queria de forma alguma prejudicar o meu ex-sócio. Então decidi primeiro mandar um ultimato por email dando prazo até a segunda feira e explicando que tinha sido algo orientado pelo CRC a fim de acabar com aquela pendência. No mesmo dia recebi o telefonema dizendo que ele iria me entregar naquele mesmo dia. Então eu disse que iria pegá-lo em casa, mas ele disse que estava muito cansado e sem cabeça e pediu para ser no outro dia. Bem, no outro dia (sexta-feira) fui lá na casa dele pegá-lo e o levei para o escritório, só que o sistema dele não estava funcionando e ele precisaria ir pegar um backup com uma colega de trabalho. Fomos lá no outro lado da cidade (Caxagá) pegar esse back-up e voltamos para o escritório (Boa Viagem) para dar continuidade. Começamos a fazer. Nesse dia a avó de Raissa, Dona Fernanda, uma portuguesa imigrante, da qual proveio o nome de nossa filha, estava fazendo 80 anos de vida com uma missa e um jantar, mas por conta dessa pendência disse a Raissa que só poderia ir após pegar os documentos com o meu sócio. Era apenas imprimir, mas como o sistema tinha dado pau, tivemos que passar algum tempo fazendo o livro caixa com ele, mas adivinha o que aconteceu? A esposa dele ligou dizendo que tinha esquecido a chave dentro de casa e estava com os dois filhos na porta de casa sem poder entrar. Tivemos que parar o trabalho, deixá-lo perto de casa e então me dirigi para o aniversario da avó de Raissa, o qual estava já meio.

No outro dia de manhã (no sábado) eu fui pegá-lo em casa e voltamos a fazer o trabalho. Numa hora dessas, não podemos medir esforços. Ele mora lá na Caxangá e eu moro em Boa Viagem, e o Escritório dele também é em Boa Viagem, então tive que ir pegá-lo e levá-lo várias vezes para fazer esse trabalho. Passamos a manhã toda fazendo, e depois ainda fomos almoçar juntos. Nesse dia Raissa estava tendo um curso de decoração de bolos temáticos também na Caxangá, o que apesar de ser no bairro dele em alguns momentos o horário não ajudou muito. Após o almoço fui pegar Raissa e depois voltei para continuar o trabalho. Só à tardinha que fomos acabar e então fiquei descansado para ir na segunda. Ufa!!! No domingo ainda passei na casa de um cliente para colher uma assinatura em um documento. Tive que ir na cara de pau as 21h. Consegui!

Na segunda-feira lá fui eu ao CRC, mas advinha? Veja só a bronca... Não era Livro Caixa, pois Pró-Labores só podem ser comprovados por Livro Diário, conforme a legislação. Só que no site, o programa do DECORE dava a opção de fazer por Livro Caixa, mas o fiscal curto e grosso disse que mesmo assim a legislação deveria ser do conhecimento do profissional, tuuuudo bem né? Fazer o que?

Voltei já angustiado... tudo dando errado! Mas na minha mente eu só me lembrava das palavras de Cristo no Sermão do Monte “Se te pedirem para andar uma milha vai com ele duas”. Então bola pra frente, mas totalmente nervoso e angustiado. Fui pegar Raissa no trabalho em BV e liguei para ele para ir pegá-lo, mas ele disse que só poderia fazer isso mais tarde, porque tinha que resolver umas coisas pra um cliente, mas que com certeza iria logo após. Insisti tanto que ele deixou o cliente para depois, e eu fui pegá-lo em casa. E tome gasolina! Ao chegarmos no Escritório dessa vez foi bem mais fácil, pois só precisaríamos imprimir o Livro Diário, ahhhh, só que a impressora começou a mastigar o papel. Claro né? Em cada etapa que dava uma bronca eu baixava a cabeça e começava a orar, porque tudo estava difícil. Mas depois de milhares de tentativas conseguimos uma posição do papel e então a impressora não mais mastigou.

Voltei lá no CRC, e FINALMENTE CONSEGUIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII! Foi tanta dor de cabeça que nem consegui cantar tanta vitória, fiquei como gato que leva cascudo debaixo da mesa, com medo de acontecer algo. Puxa vida, desde setembro estava nessa pendência.

Fica aqui a lição de não ser tão bonzinho para agilizar coisas para clientes, mesmo que sejam amigos, porque no final eles nos deixam na mão e ainda colocam a culpa em nós.

Também verei os processos burocráticos com outros olhos, porque tudo é para proteger o profissional.

Au revoir!

Comments:

There are 1 commentaires for BAIXA NO CRC